Estamos em uma época na qual a individualização ocorre de maneira intensa. Há pouco tempo, quando as cidades eram menores e as pessoas se conheciam de maneira mais próxima, o que ocorria era uma subordinação a coletividade. Ou seja, as pessoas eram muito parecidas umas com as outras: geralmente possuíam as mesmas aspirações sociais, um mesmo planejamento familiar, o desejo de um mesmo trabalho de prestígio, entre outros. Hoje em dia as aspirações individuais estão se tornando cada vez mais diversas. Nem sempre a pessoa possui desejos que coincidem com a maioria e nem sempre possui a necessidade de tê-los, apenas para ter aceitação em seu meio. Essa liberdade individual é uma conquista, e mantê-la, um dever.
Nessa época na qual
as pessoas eram mais “homogêneas”, fazer terapia era visto com
preconceito, como aquela pessoa sendo alguém que não está se
adaptando aos anseios da sociedade. Infelizmente esse preconceito
perdura até hoje na cabeça de muitas pessoas. Aqueles que fazem
terapia muitas vezes são vistos como alguém que está em profunda
angústia, com algum problema que não conseguem resolver sozinhos.
Isso não é verdade por dois motivos: o primeiro é que não é
preciso que a pessoa tenha algum problema para poder fazer terapia;
um dos benefícios dela é aprofundar o autoconhecimento, e neste
tempo no qual estamos menos subordinados ao coletivo, se autoconhecer
nem sempre é tarefa fácil. Segundo, todos nós possuímos
problemas, mas poucos se movem para resolvê-los. A pessoa que faz
terapia valoriza tanto o seu bem-estar que está disposta a utilizar
de seus recursos disponíveis (tempo, dinheiro, disponibilidade,
entre outros), para poder analisar e encontrar saídas para as suas
dificuldades. Em outras palavras, para fazer terapia é preciso de
CORAGEM. Todos temos problemas, fissuras e desafios a serem
superados, mas nem todos estão dispostos a se autoenfrentar e
superar as condições que o incomodam atualmente na sua vida.
Sendo assim, é
incoerente que se submeter a terapia ainda hoje seja visto de maneira
preconceituosa. Ao contrário, as pessoas em processo terapêutico
devem ser vistas com admiração, pois é preciso de muita coragem
para poder aprofundar no seu autoconhecimento. É preciso
de muita coragem para se abrir completamente a outra pessoa, expondo
os desejos e anseios mais profundos do ser. E é preciso de muito,
mas muito mais coragem ainda para se propor a mudar para melhor e
aumentar a sua qualidade de vida. Nenhuma dessas questões são
tarefas fáceis. Mas fazer terapia é algo para pessoas fortes (ou
que queiram assim se tornar).
Nenhum comentário:
Postar um comentário